Sem tempo para organizar a cabeça
E enquanto saía do comboio, o recém respirado ar da metrópole trazia à tona o facto que um grande amigo meu já cá estava também. Hoje ía ser o almoço de reencontro de um gang que, entre outros feitos, já tinha sido visto a distribuir, no Chiado, 'flyers' de uma ficticiosa 'rave' de nome "Torero & Ramón", (que muito boa gente aceitou com interesse). O Outono finalmente se fez sentir, as folhas no chão e a calçada constantemente húmida durante a caminhada para o trabalho, tornam obsoleto o conceito de 'hollyday on ice'. Será que o meu amigo ficará até à Primavera? Sempre seriam dias mais bonitos para voltarmos ao Chiado, e pararmos na Haagen-Dazs. Desta vez eu já iria comer um daqueles gelados gigantescos. As pessoas mudam, mas também não mudam assim tanto, iria refilar com o preço na mesma. "Olha sorte grande! Olha qu'andá'roda! Olha qué Natal". É preciso ouvir uma mulher cauteleira à porta do meu posto, para me lembrar. É preciso comprar a cautela para que nos saia alguma coisa. E eu sempre comprei com cautela e esperei pelo céu. Esta semana, foi-se a rapariga mas recuperei um amigo. A balança pende a meu favor.