2.22.2005

Excerto número quatro

"Mais de metade de um ano tinha passado desde que eles tinham vivido perto um do outro. O tempo que passavam juntos vinha em doses, reguladas por uma espécie de migração que gostavam de não conseguir explicar. Ele gostava de viver perto dela, mesmo que fosse para apenas se cruzarem na rua sem se falar, só a hipótese de num desses momentos se falarem o deixava feliz. Ela gostava de viver perto dele, mesmo que fosse para fingir que eram amigos, que apesar de tudo conseguiam ter conversas normais, que podiam recuperar alguns dos momentos que a deixavam feliz. Nunca se sabe ao certo o que é que os dias fazem às pessoas que se gostam. É um conjunto de frases, gestos e impulsos... é a chuva, o sol, e o vento. O tempo é no fundo... o tempo. (...)"

2.11.2005

O Grande Deserto de Óbidos

Muitas das grandes descobertas da humanidade foram feitas 'por acaso'. A história de Newton e do fruto caído, ou a história do banho científico de Arquimedes, entre outras iguais, relatam como um acontecimento furtuito fê-los descobrir algo de importância inquestionável. Pois, a essas histórias todas eu quero acrescentar aqui uma de não menor importância. À procura da mítica lagoa de Óbidos, ao virar errantemente por uma estrada, cheguei ao que agora passo a documentar como "O Grande Deserto de Óbidos". Devo dizer que me senti como um Cristovão Colombo, naquele fim de tarde de quinta-feira, ao sair do carro e a encarar uma paisagem totalmente deserta, sobre a qual o Sol deixava de se ver, só para mim e para o meu timoneiro. Por acaso, puro acaso, ou desígnio divino, todas as descobertas têm um fim. Algumas mereciam ter um princípio.

2.01.2005

Excerto número três

"...e era um facto sabido que crises de confiança influenciavam mormente o trabalho de um publicitário. Se ele não tinha sido convincente com ela, como é que as suas ideias iriam convencer alguém? A criatividade é o departamento mais afectado pelas paixões. Durante uma, investia quase a totalidade do seu orçamento orgânico para inovar e melhorar a qualidade de equipamentos. Mas quando a coisa corria mal, era também onde aconteciam mais despedimentos. Naquele momento, sentia-se como a trabalhar com falta de empregados. Animava-lhe a Primavera que estava a chegar."
Blog desenhado e mantido por Joca, membro dos Paletós - thesirm@hotmail.com